quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Efeito Casimir: a energia do vácuo

Definir o que é matéria já é complicado para a física, agora imagine definir o vácuo.

Aristóteles dizia que a matéria tinha horror ao vácuo.
Isto é, nos casos onde formaríamos vácuo a matéria ocuparia todo o espaço rapidamente.
Pelo menos é o que acontece quando enchemos um copo com água e ao tirá-lo da água emborcado a água não cai.
Para Aristóteles o espaço (onde hoje concebemos como sendo formado por vácuo) haveria o éter, a quintaessência.

Torricelli, em 1643, provou a existência do vácuo, mostrando que a experiência do copo na água muda conforme a altura do copo.
Por exemplo, se o nosso copo tivesse uma altura maior que 10,3 metros (um copo meio estranho), veríamos vácuo no topo da coluna de água formada.

Vácuo seria o vazio, a ausência de matéria.

Aprendemos através da equivalência entre massa e energia de Einstein (E=mc²) que a matéria pode se tornar em energia e vise-versa.

Mas poderia existir energia no vácuo?!

O efeito Casimir mostra que sim.

Primeiramente, precisamos redefinir o vácuo para os padrões da física moderna.

Vácuo segundo a física moderna é um caldeirão fervilhante de partículas quânticas que aparecem e desaparecem no Universo.

Vácuo então é diferente de nada ou ausência de algo.

O efeito Casimir prevê que duas placas suficientemente próximas uma da outra (devido essa proximidade, ele é fundamental na microeletrônica) tendem a aproximarem-se uma da outra. Isto ocorreria devido a flutuação quântica do vácuo ao redor das placas.



A energia escura pode ter uma explicação dentro desta energia contida no vácuo.

A evaporação de buracos negros através da radiação Hawking também tem explicação na energia do vácuo.

Gosto de pensar que não aprendemos física na escola. Aprendemos o processo da construção e do pensamento científico.
Por isso, podemos passar por redefinições durante o processo de aprendizagem.

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sábado, 22 de janeiro de 2011

Sobre ciência

Muito vejo ceticismo religioso dentro da ciência, seja por parte dos cientistas ou daqueles que a aprendem.

Não pretendo fazer um texto sobre ciência e religião, existem muitos sites para se fazer esse tipo de pesquisa. Venho apenas citar um trecho dos trabalhos de Copérnico:

No meio de todos os assentos, o Sol está no trono. Neste belíssimo
templo poderíamos nós colocar esta luminária noutra posição
melhor de onde ela iluminasse tudo ao mesmo tempo? Chamaram-lhe corretamente a Lâmpada, a Mente, o Governador do Universo;
Hermes Trimegisto chama-lhe o Deus Visível, a Electra de Sófocles
chama-lhe O que vê tudo. Assim, o Sol senta-se como num trono real
governando os seus filhos, os planetas que giram à volta dele

Nesta frase vêmos a inspiração dos trabalhos de Galileu, que viveu para mostrar como é possível que a Terra se mova ao redor do Sol.

Também vêmos a crença na qual Copérnico embasou sua teoria.

Por isso respeito a crença das pessoas, pois a ciência foi construída em cima da crença dos cientistas.

Não existe verdade na ciência.
Existe sim, teorias que são mais verdadeiras (ou aceitas) que outras.

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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Efeito Magnus


A reportagem indicada saiu na Zero Hora do dia 20/1/2011 e fala do primeiro cargueiro movido a energia eólica.

O funcionamento deste cargueiro tem como base o efeito Magnus, descrito em 1852 pelo físico alemão Heinrich Magnus, mas já havia sido previsto por Isaac Newton em 1672 ao observar partidas de tênis em Cambridge.

Mas vamos a explicação do efeito.


O efeito Magnus funciona com base no princípio de Bernoulli que diz que:

Um aumento na velocidade do fluido implica em um decréscimo na pressão.

Vamos manter em mente o princípio de Bernoulli.
Como aumentar a velocidade de um fluido, no nosso caso o ar, em um dos lados do cilindro (como mostra a figura)?

Devido a viscosidade do fluido (no nosso caso o ar) ao tocar no cilindro em rotação o ar poderá ser arrastando (aumentando a sua velocidade) ou freado (reduzindo a sua velocidade) dependendo de qual lado de giro do cilindro o ar passa.

Uma aplicação muito conhecida do efeito Magnus é a curva que a bola de futebol pode fazer.
Que aliás, a nossa famosa jabulani tentou reduzir.

Por mais que vocês possam encontrar em sites na internet ou em livros didáticos o princípio de Bernoulli NÃO é responsável por fazer o avisão voar. Ele ajuda a estabilizar, mas não a fazê-lo voar.
O avião voa por causa da terceira lei de Newton, ou seja, o princípio da ação e reação.
O ar se choca na asa do avião e é empurrado para baixo (devido ao ângulo de ataque da asa) e a consequência é o avião ser empurrado para cima.

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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Paradoxo dos Gêmeos

Sempre quando lembro da relatividade eu me lembro dos relógios moles de Salvador Dali.
Isto, pois o nosso conceito de tempo e espaço são modificados pela relatividade, eles deixam de ser absolutos para dependerem de quem os observa (se em movimento ou parado).

Um dos paradoxos mais famosos da relatividade é o Paradoxo dos Gêmeos.

Normalmente é apontado como insolúvel através da relatividade restrita por alguns, mas um livro (Hewitt, P. G.; Física Conceitual; Bookman) indica uma solução simples que apresentarei aqui através de uma leitura minha. Todas as imagens são do livro e não viso abusar de direitos, apenas faço uma leitura deste capítulo o qual acho muito bom. Embora tenha que fazer uma consideração, mas farei ao final do texto.
Recomendo a todos os professores de física este livro.

...

O Paradoxo (?):

Dois gêmeos idênticos sendo um deles um astronauta que faz uma viagem pela galáxia em alta velocidade enquanto o outro permanece na Terra.
Quando o gêmeo viajante retorna, ele está mais jovem do que o gêmeo que ficou na Terra.
A relatividade prevê que o tempo passará mais vagarosamente em um referencial em movimento.
Onde está o paradoxo?
Se a relatividade prevê que o tempo passará mais vagarosamente em um referencial em movimento, podemos imaginar um referencial onde a nave está parada e quem se move é a Terra em relação à nave. Neste caso, não ocorreria o contrário? Ou seja, o gêmeo astronauta ficaria mais velho (pois ficou no referencial fixo) e o outro mais novo.
Este é o nosso paradoxo.
Dissolvendo o paradoxo:
Imagine a nave parada em relação à Terra e a nave enviando um flash luminoso a cada 6 minutos. O observador da Terra verá os flashes intercalados um do outro a cada 6 minutos.

Referencial Terrestre

Agora imagenemos que a nave se movimente em relação à Terra com uma velocidade de 60% da velocidade da luz (lembrando que a velocidade da luz no vácuo é de 300.000 km/s).

Ao se afastar da Terra a esta velocidade, emitindo um flash a cada 6 minutos, o observador da Terra não verá mais intervalos de 6 minutos em cada flash, mas sim de 12 minutos.

Ao se aproximar da Terra a esta velocidade, emitindo um flash a cada 6 minutos, o observador da Terra não verá mais intervalos de 6 minutos em cada flash, mas sim de 3 minutos.

Agora imaginemos que o astronauta resolva fazer uma viagem de 2 horas. Onde 1 hora é para a ida e a outra para a volta.
Quantos flashes a nave irá emitir neste período?
Fácil, basta pegar o tempo total e dividir pelo tempo de cada flash.
120/6 = 20 flashes
Como os intervalos de ida e volta são iguais teremos 10 flashes na ida e 10 flashes na volta.

Mas o que perceberá nosso observador na Terra, que tem tempos diferentes para os flashes de ida e para os da volta?
10 flashes na ida a um intervalo de 12 minutos por flash totalizam um tempo de ida, marcado por quem está na Terra de 10x12 = 120 minutos ou 2 horas (só na ida).

10 flashes na volta a um intervalo de 3 minutos por flash totalizam um tempo de volta, marcado por quem está na Terra de 10x3 = 30 minutos (só de volta).

Qual será o tempo total da viagem, então?
Para quem estava na nave, o tempo será de 2 horas, já para quem ficou na Terra o tempo será de 2 horas e 30 minutos. Ou seja, quem ficou na Terra, nesta ocasião, terá envelhecido 30 minutos a mais do que quem está na nave.

Em uma viagem mais longa de 8 anos, registrados por quem está na nave e esta com a mesma velocidade de 60% da velocidade da luz, teremos um tempo de viagem registrado por quem fica na Terra de 10 anos.

O tempo efetivamente terá passado 10 anos para quem fica na Terra e também terá passado 8 anos para quem está na nave.
Não há paradoxo nisto, isto é previsto pela Relatividade e comprovado através de experimentos.

Referencial da nave

Nosso problema está na inversão dos papéis de quem observa o flash.
Agora quem emite os flashes é quem fica na Terra e não a nave.
Os flashes são emitidos a intervalos de 6 minutos, como antes.
Na situação (a) temos a nave se afastando da Terra. Nesta situação ela vê um flash a cada 12 minutos.
Na situação (b) temos a nave se aproximando da Terra. Nesta situação ele vê um flash a cada 3 minutos.

A base se mantém como antes. Quem está na nave viajará durante 2 horas, 1 hora de ida e outra de volta.
O diferencial agora está no número de flashes captados pela nave na ida e na volta.

Durante uma viagem de ida a nave capta 60/12 = 5 flashes.
Ou seja, durante a uma hora de viagem de ida registrada pela nave, quem está na Terra, emitindo os flashes, percebe uma viagem de ida de 5x6 = 30 minutos (pois, o intervalo de cada flash na Terra é de 6 minutos e não de 12 minutos).

Durante uma viagem de volta a nave capta 60/3 = 20 flashes.
Ou seja, durante a uma hora de viagem de volta registrada pela nave, quem está na Terra, emitindo os flashes, percebe uma viagem de volta de 20x6 = 120 minutos, ou 2 horas.

Teremos um tempo de viagem total então de 2 horas para quem está na nave e de 2 horas e 30 minutos para quem ficou na Terra.

Conclusão:
Não existe tal paradoxo, a relatividade apresenta a mesma resposta não importa o referencial adotado.

Uma coisa importante a ser notada é que conseguimos entender a relatividade com este simples exemplo, mas exite um problema.
O referencial terrestre sempre deverá ser o que tem o tempo dilatado, independente do referencial.
Mas observando a viagem só de ida, temos resultados diferentes para ambos referenciais.
Este resultado nos leva a crer que existem respostas diferentes conforme o sentido de movimento e isto não ocorre.
Aconselho a leitura dos comentários do blog, pois isto foi observado pelo professor Bezerra, o qual agradeço por esta observação.